domingo, 26 de fevereiro de 2012

"Sua cor preferida era Lilás!..."



Neste último final de semana de Fevereiro, minha tia/avó, Estélida de 95 anos , faleceu, este seu derradeiro ato, remeteu-me mais uma vez, a um estado de  desamparo, que é inevitável diante  uma perda dessa magnitude; em busca de  algo que pudesse fazer frente a angustia desse real, dormi e sonhei com o viço das flores  das barracas da feira livre do bairro; na manhã de sábado, antes de seu sepultamento, dirigi-me à feira livre do bairro mais próximo e adquiri  lindas hortênsias," Sua cor preferida era Lilás!..."  e assim eram as flores em sua honra.

Ora acalentada!... É vida que segue!...





terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

(Más)cara do novo

O real do envelhecer, tem me fustigado  nesses últimos tempos. Por mais que me utilize de máscaras que possam atenuá-lo, este insiste em me provocar , descortinando as ilusões de uma tentativa de  encobrir marcas aí  contidas. É um novo que vislumbro  nas faces de meus  pais, quando neles  me percebo.

Não basta cobrir os cabelos grisalhos com tintas acobreadas..., besuntar rostos, braços e pernas com  cremes que prometem rejuvenescer,  incorporar a atividade física como complemento do café da manhã,  o envelhecer tens leis próprias, limites bem  definidos que por mais que se negue, se impõe e  realiza sua intervenção em nosso corpo, em nossa imagem  no que  equivocadamente é  percebido só no Outro.

Outro dia, uma pessoa amiga, relatou-me o desapontamento por descobrir, junto aos seus pares, que já não tem a mesma facilidade de  acessar de memória,  informações profissionais guardadas,  com a mesma precisão de detalhes,  que o fazia  detentor de um certo  poder em sua equipe de trabalho, "...Ando cansado, com o rasciocínio mais lento, minha cabeça já não me acompanha, o escritório a mil e eu assim!!...."

Comparece através da resistência declarada, de um não saber,  do como  lidar com o "ócio" de uma pretensa aposentadoria, considerando, ainda ter  um corpo prioritariamente adestrado para o trabalho e adormecido para outras possibilidades. "  O que vou fazer de minha  vida! Eu sempre trabalhei...."

"Falar da velhice incomoda porque expõe o limite ao qual todos nós somos submetidos. Falar da velhice desacomoda, exigindo certa acomodação dos traços e dos restos advindos pelas perdas, pelas mudanças da imagem e na relação com o Outro. A velhice exige novas transcrições e traduções. Ela desacomoda muitos "restos" deixados em qualquer canto à espera de um tratamento possível; desacomoda a procrastinação, desacomoda os futuros não cumprindos - mas que gostaríamos de realizar -, desacomoda a idéia de imutabilidade ou de permanência, desacomoda os ideais e as certezas nas quais todo sujeito busca se alojar. A velhice desacomoda, incomoda, principalmente nesse mundo permeado de máscara do novo." MusidaÂngela - "O Sugeito não envelhece - Psicanálise e velhice". (2006, p.16)

Assim o é!...
Envelhecer  para quem se aventura, é vida!
Desafiante aventura com um  fim estabelecido!
Aventuro-me! Vivo.