quinta-feira, 15 de março de 2012





Decidi que quero aprender a nadar!...


Sim, cair n'água e bater as pernas alternadamente aos braços, concatenado  a  respiração, para assim deslizar com todo o corpo  nas águas, tendo como bordas, minha auto regulagem.
Desejo que acalento,  há muito contido, que ora realizo, numa profusão de sensações e sentimentos, que aos poucos estou redescobrindo e aprendendo como melhor lidar com os mesmos. Pois dentre os muitos impeditivos que ainda carrego, com os quais reluto em busca de dar vazão, nadar é um dos.

Criada que fui às margens das águas da ilha de Vitória, nos arredores dos Bairros de Caratoíra e Santo Antônio, muito cedo aprendi que filha que obedecia, não se banhava nas águas da "maré", espaço este
privilegiado daqueles que ousavam transgredir. Volte meia,  um  se perdia na magia dessas águas, transcendia,  iluminando-se e não voltando mais,  deixando um corpo inerte a boiar, dias após.

Real que impactava a todos, amedrontava por uns tempos a garotada, recrudescia o olhar de controle das mães, na casa de meus pais principalmente..., mas não o sufiente, para impedir que eles, os "desobedientes",  abandonassem a busca do prazer contido nesse jogo de lançar-se às águas, e deslizar o corpo em seu espelho cristalino de movimentos ondulantes,  nem muito menos o meu, contido e adiado, mas não abandonado. 

Me apresento para o primeiro dia de aula,  Amanda uma jovem professora, com idade de ser minha filha, delicada, que me chama o tempo todo de aula de Dona Sonia!...  com ela estou me  iniciando nos fundamentos da natação. O  meu eu, o de desvendar o permitido, logrando  o quanto possível o que é do real.
Para, então ainda,  experiênciar um aprendizado, o de colocar-me num espaço, mesmo que  artificial e reprezado de uma piscina,  na condição de um não saber, do como me portar,  frente aos  descaminhos das águas, enfrentando um quê de enigmático em mim, não usual,  que remete para além  do  já conhecido e que muito  surpreende.