quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Ao mestre com carinho!...

Nessa primeira terça-feira de Novembro da Consciência Negra, o Mestre do Ticum bi, Tertulino Balbino, foi homenageado pelo governo do estado do Espírito Santo com a comenda Rubem Braga, cronista capixaba de significativa contribuição literária que se vivo fosse, estaria completando 100 (cem) anos.

Seu Terto se fez o belo dos belos em sua humilde elegância, comparecendo com seus familiares, seus pares e admiradores, para essa honraria a que tanto se faz merecedor.

Autodidata que é a sua obra cultural, tem como referência a história de um grupo racial que em solo capixaba aportou e desde então, lutam pela preservação de uma história de identidades, que tem como amalgama a fé em São Benedito, o encontro com o próximo e a lida com a terra.

Em seus versos trabalhados para cada celebração nos meses que antecede a festa de São Benedito, esse rico universo é apreendido em palavras escritas que sabiamente Seu Terto, as transforma em rimas cadenciadas ao movimento repetitivo dos pandeiros, que há seu tempo, desfiam as memórias de um passado de lutas e vitórias, das barbáries sofridas pelos quilombolas no presente e de compromissos que forjam resistências e continuidade para um futuro.

Obs.: O registro de sua obra cultural se da pela tradição oral, para conhecê-la é preciso freqüentar um dos ensaios, ou então participar dos festejos de São Benedito final/início de ano em Conceição da Barra/ES.


segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Minhas amigas das Gerais...




Como já dizia o cantor maior das Gerais, Milton Nascimento em "Canção da America - Amigo é coisa prá se guardar do lado esquerdo do peito, mesmo que o tempo e
a distância digam não..."  o que importa é driblar o que possa se constituir de impedimento para um feliz reencontro, tendo como testemunhas, a brisa e o mar de Camburi em Vitória do Espírito Santo.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Vaguear pelos Aires!...


Tendo como contorno para essa passeio, o meu sentimento profundo de carinho por minha amiga Marisa Barcelos e sua família, que no tempo dos sonhos de juventude, ousou escolher essa cidade para estabelecer as suas verdades e parte de seu caminhar nessa existência.

Em pleno final de inverno de Setembro de 2013, por uma semana, eis que me vejo desembarcando em Buenos Aires/Argentina,acompanhada por Marlene Fracallossi, amiga dos tempos presentes da maturidade. Curiosas que nem colegiais de cidade pequena quando em visita à capital, no hoje, caminhamos com passos mais lentos e compassados por ruas, logradouros, igrejas, momumentos, cemitério, bares, cafés, restaurantes...,...mas com o mesmo afã do querer desvelar algo ainda não conhecido, algo ainda não dominado, com se assim fosse possível.

Do encantamento com o velho novo, há que se iniciar pela moradia de minha amiga, um prédio, antigo suntuoso em plena área urbana da cidade, com o requinte de um passado histórico materializado em sua bela e simples arquitetura. Olhar esse que aos poucos foi se despindo do óbvio dos contornos arrojados de uma pretença modernidade, num processo de aceitação de um belo constituido historicamente pelas levas de emigrantes que por ali aportaram.

Das muitas conversas ao redor da mesa, tendo como auxiliares, um café quente e ou uma taça de vinho, no refazimento de nossos percursos de amizade, das histórias familiares. Marisa, Hugo seu marido e a Marlene minha companheira de viagem, acessaram as suas heranças históricas de famílias de imigrantes, portugueses e italianos na América Latina, eu contemplativamente os acompanhei, apresentando alguns pitacos, aqui e acolá.

De nossas compreensões históricas e política na qual fomos coadjuvantes, quando no ardor estudantil, militávamos apaixonadamente em busca da redemocratização de nosso país em nossas cidades.

De olhar reflexivo à distância e até sob alguns aspectos valorativos do tempo presente, dos ensaios democráticos em nossos países e dos equívocos também. Minha amiga, hoje é cidadã Argentina, vibra com as políticas de subsídios, na saúde, educação, transporte, energia para todas(os)independente de sua condição sócio-econômica.

Do dentro para fora, ao sair pela cidade, com um mapa em punhos, eis que nos deparamos, com uma cidade que em seu cotidiano, preserva em sua tradição colonialista a história dos dominantes, retratada em muitos monumentos, prédios, galerias de artes e comerciais, catedrais, parques, portos e cemitérios...,...que de certa forma garante a sobrevivência do hoje e a garantia de um porvir.

De uma confirmação e melhor reconhecimento, do que somos enquanto pessoas em nossas grandiosidades e em nossas limitações, num processo rico de convivências, de encontros com muitos de nossos vizinhos no ir e vir em avenidas movimentadas, no lidar com nossas diferenças e semelhanças.

Ah! Já estava me esquecendo do peso pesado da moeda Argentina, muito desvalorizada frente ao dólar e o real, porém muito bem cambiada pelos portenhos ao estabelecer a valoração de seus produtos e serviços.

Retorno para casa, feliz pelo providencial distanciamento de meu cotidiano e a constatação do bem estar que isso me causou!!!...

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Anunciação!!!...

 
Acompanho, todas as manhãs o novo que se anuncia, nas folhas jovens que pouco a pouco desabrocham, e tomam viço, preparando-se para a chegada de mais uma estação que se encontra em processo de gestação. Me vejo, refletindo nesse espelho natural que até então pouco prestava atenção.
Ando valorizando cada momento de minha existência numa perspectiva natural do que consigo

terça-feira, 23 de julho de 2013

As flores do jardim de minha casa.


Ontem,  flores em botão!...

















Hoje, flores desabrochadas!...

Assim está o meu jardim, gracioso com o viço de meu orquidário, que a cada inverno manifesta-se brinda-me com seu processar natural.


terça-feira, 16 de julho de 2013

Um novo que está porvir.

Assim amanheceu esta terça-feira, morna de pleno inverno, após uma noite de muitas chuvas, trovoadas e relâmpagos. A  minha alma assim está como as castanheiras, que tenho como companhia enquanto insisto em cuidar de minhas articulações, alongando-as   com os galhos vivos   à mostra e à espera de um novo que está porvir.
O meu pensar  vagueia entre as folhas secas amareladas, que ao secarem cairão, desnudando mais ainda  os galhos, trazendo o azul do céu como  limite possível para depurar uma tremenda  desilusão politica de um ontem  muito ruim para os capixabas, quando aqueles que tínhamos até  então como nossos representantes na Assembléia Legislativa e Governo de Estado, decorrente de  um processo eleitoral considerado democrático e em construção, viraram  os  nossos maiores inimigos,  numa manobra sem precedentes  na  história desse Estado, tramaram e executaram uma  ação traiçoeira, considerando inconstitucional um clamor  legítimo vindo das ruas, o fim da cobrança indevida do pedágio da Terceira Ponte entre o município de Vitória e Vila Velha.
Porvir, que quero crer ser possível concretizar com uma reforma política de base, sabe! O modelo que ora vige, está viciado e sob controle de grupos políticos que não estam compromissados com as demandas da maioria.
Sem ser vidente, acompanhando minimamente o que dizem esses políticos, é possível prevê o que nos espera no real,  a manutenção do Senhor da  casa grande com seus regalos e benesses; com  aparatos da bárbarie de capitães do mato, tudo isso extensivos aos cupinchas e bajuladores...,...é  triste! Muito triste!...
Sinceramente!!! Como  anseio por este  porvir, cujo o desabrochar tal como as castanheiras, geraria novas folhas verdes para cobrir os galhos, enchendo-as de vigor, dignidade e beleza.   

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Terra de Mulheres Guerreiras.





Patrimônio da Penha
 Diz a lenda, que nos tempos idos, na Serra do Caparaó, existiam tribos indígenas, que quando os homens saiam para guerrear e ou caçar, as mulheres  assumiam as responsabilidades do cotidiano das aldeias, de forma aguerrida garantindo os espaços de existência das comunidades, por conta disso eram tidas como guerreiras, no tempo presente os nativos que por ali residem, costumam dizer que a cada mulher  que  fixa residência na região,  são essas guerreiras  retornando.
No encantamento dessa possibilidade, eis que me encontrei em Patrimônio da Penha, distrito de Divino São Lourenço, último município antecipado do Espírito Santo, caminhando por suas ruas estreitas de casas de pé baixo de cores vivas e  variadas com olhar de quem quer muito saber.
Carinhosamente guiada  pela  "Bel",  amiga dos tempos de vivências psicodramáticas, que ao  contar esta lenda, transportou-me para um universo mágico da mata atlântica,  numa aventura de rara beleza,  de muitas emoções e aprendizados. Realidade que  inundou minha alma de paz, silenciando a minha voz, alargando minhas narinas, aguçando os meus ouvidos, arregalando os meus olhos, arrepiando minha pele e forçando minhas pernas num caminhar titubeante na busca do equílibrio, para transpor os obstáculos naturais do solo acidentado das trilhas demarcadas para caminhadas de morro acima e mato a dentro.

De cajado em punho, sintonizada com os sons diferenciados de águas corrediças, de movimentos de folhas, galhos, aves, animais  e demais viventes, deixei que minha mente vagasse com uma certa liberdade, mediada pelo temor necessário de sobrevivência, frente a uma ambiência, ainda não explorada, mas que não sei dizer muito bem o porquê, já conhecida, pois suponho que trago em mim  a  magia desse lugar, metaforizada na  lenda dessas índias guerreiras.







terça-feira, 4 de junho de 2013

As Sete Mulheres e Um Homem da Casa de Meus Pais.


Venho de uma família de sete mulheres e um homem, na qual ouvi de meus pais a justificativa em tom de "brincadeiras" que assim se deu pela insistente tentativa de ter um filho homem, que por sinal é o caçula,  depositário de muitas expectativas,  muitas vezes  difíceis de administrá-las, segundo a fala do mesmo.

O que me leva resgatar esse real e estar aqui falando dele,  é o fato de que volte e meia eu me equivoco com esta contagem, excluo um da lista. O que me faz  sentir culpa pelo ato,  na medida que sei que nada é por acaso, não é assim?!

Fico pensativa  de tamanho erro de cálculo numa operação que deveria ser bem simples, dizer do número de irmãos que tenho. Por conta  dessa repetição indesejável, resgatei uma forma de controle  mas que mesmo assim, volte e meia  ainda escapole. É lá do meu tempo de iniciação matemático,  contar nos dedos das mãos quantos são antes de dizer do resultado!...

Então, foi o que fiz nessa terça-feira de  manhã chuvosa e de temperatura amena, voltei no texto aqui publicado sobre os cuidados de minha mãe em relação as suas filhas mulheres, postado em 23/03/13 e me permiti,  refazer os ajutes após os devidos cálculos do número exato que somos de mulheres na família, nomeando-as uma-a-uma a partir do auxílio de meus dedos. Agora assim em paz com o resultado obtido,  consegui  que todas  se fizessem presentes, acrescidas  no aqui e agora também da de meu irmão.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Outono em minha alma


É esse o visual que ora a natureza tem me brindado todas manhãs, quando  deito de barriga prá cima para dar continuidade às atividades físicas, que  faço todos os dias em busca de uma melhor reorganização de meu corpo.
É outono e a brisa agradável a  beira do mar da praia de Camburi, me traz a certeza de que em breve experimentaremos, temperaturas mais suaves e até mais frias. 
Percebo que esta mudança se processa em minha alma também, é uma névoa que se apresenta de braços dados com uma aragem  fresca pela manhã, me pondo mais introspectiva, que vai se dissipando aos poucos a partir dos encontros calorosos do dia-a-dia, podendo retornar com um pouco mais de intensidade ao entardecer






quinta-feira, 11 de abril de 2013

Salve Maurília Queiroga!!!...




Nesse início de Abril/13, perdi  uma amiga de muitas lutas e construções políticas do modo de ser e estar, mulher negra nesse país.

Faleceu Maurília Queiroga, mulher altiva, de personalidade  forte, filha da Dona Cicidinha lá das Gerais!!!

Mulher de seu tempo, inquieta e revolucionária, que  deixa um legado de muito trabalho na luta pela valorização das diferenças e  inclusivas  do masculino, nas questões de trato da saúde das mulheres e dos homens, enquanto políticas públicas.
                                                                               
                                                                                          Salve! Salve amiga!!!...

sexta-feira, 29 de março de 2013

Por minha mãe.

Reverencio,  nesse momento de aprovação da PEC dos Trabalhadores Domésticos,  a Sra Cleuza de Oliveira - Presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores Domésticos, pois me remete às  lembranças de minha infância, quando então  minha mãe cuidadosa de suas crias mulheres, ops! sete e não seis  ao todo, sutilmente desconversava qualquer possibilidade de "ajuda" das famílias mais abastadas, com as quais trabalhava  prestando serviços de lavadeira, para que permanecêssemos em suas residências, como "companhias de suas filhas" em troca de roupas, materiais escolares, alimentos...
Minha mãe, Dona Erly, conheceu as conseguências desse tipo de proposta, pois fora assim que ela viera da casa de seus pais  lá na  roça para a cidade,  por aqui ficou como doméstica sem que conseguisse o seu intento, estudar.
Salve! Salve!...

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Vesti a minha fantasia e sai por aí!...


E não é que fui parar no Rio de Janeiro!...

Sim,  fui passar o carnaval no Rio de Janeiro, foi tudo tão mágico que já estou me planejando para o próximo ano,  na Sapucaí quero estar pois: 

"A minha alegria atravessou o mar e ancorou na passarela,
Fez um desembarque fascinante, no maior show da terra"!...

Em consórcio com a Marli Brígida e uma sua amiga Marizelma, alugamos um apartamento, ops!!! Um apertamento em Copacabana. Lá fixamos residência por cinco dias, permitindo-nos estar no metro quadrado mais badalado do Brasil, participando ativamente dos desfiles da "Banda do Bolivar", que no sol da tarde de 17:00 entoava as marchinhas de carnavais passados, hoje tidas pelos adeptos do "politicamente correto" como censuráveis,  "Olha a cabeleira do Zezé, será que ele é...", e por aí foi...

No sábado, animadíssimas que estávamos, fomos ao desfile do "Bloco O Cordão do Bola Preta", contribuir para a quebra do récorde do bloco com maior número de participantes.
Prá quê Senhor, tanta saliência!...

Após descermos na estação do metrô Cantagalo, tentamos adrentar a Avenida Rio Branco, hum!
Em vinte minutos estávamos de volta de onde não deveríamos ter saido.
Era tanta gente suada e espremida por metro quadrado, que o meu isntinto de sobrevivência falou mais alto, convocando-me a rasgar a fantasia, cair na real de que estar ali naquele momento, não me remeteria a lugar algum,  as lembranças das imagens de infância, quando ouvia  Dona Lina narrar  histórias encantadoras  de carnavais nesse bendito bloco, definitivamente  não cabia, ou seja não me cabia!

Retornar ao  frenesi do calçadão de Copacabana das pessoas em seu ir e vir, de  vários  matizes raciais e condições sociais, trabalhando, ou brincando, dispostos a jogar um pouco de conversa fora, ou não  com muita  certeza,  contribuiram bem mais   para que  eu então  vivesse essa possibilidade. 









Marcas que são difíceis de serem removidas


Era um encontro de celebração do aniversário da matriarca de uma grande família tipicamente brasileira e negra, ali estavam presente , filhas(o), netos(as), bisnetos(as), genro, nora, agregados,  amigas(os) e como de costume,  as palavras davam  o tom nas muitas conversas que se davam em vários grupos ao mesmo tempo e esta corria solta, verbalizadas ora em boca pequena, ora aos berros em esclamações de surpresas risos e gargalhadas!!!...

Num dado momento em que decidiram realizar os devidos registros fotográficos do evento, o sofá da sala era o espaço possível para juntar tantas possibilidades de arrumações parentais, nesse jogo, agora é a vez, dos homens da família! Das mulheres! Eu e mamãe somente! Mamãe com os netos! Mamãe com os bisnetos ainda criança, eis que alguns netos,  jovens,  resgataram no dizer dos mesmos, uma brincadeira comum na casa de vó.  Eleger para fins de pilhagem um dos netos ou netas, geralmente os de menos idade, associando este a um personagem negro caricato, exibido de forma depreciativa pela mídia.

Mal estar instalado pela não aceitação por parte de uns outros da atualização de um jogo discriminatório, num curto espaço de tempo o silêncio se fez presente,  tinha um quê de incômodo, não verbalizado, pois o encontro com o real de um olhar de discriminação racial,  internalizado pelos próprios membros daquela família, roubou qualquer possibilidade de espontaneidade daquele momento em diante, o corte foi fundo na  carne. 

É possivel  que  ali naquele momento, tenham feito contato com suas marcas difíceis de serem removidas, por terem sido imprimidas nas relações primeiras de cada um na própria família, junto aos seus pais, que por sua vez  certamente assim também tenham sido marcados, repetindo sem que tenham consciência um olhar de menos valia.

Lidar  com essas marcas que são difíceis de serem removidas não é simples, pois não há cura para as mesmas uma vez  já instaladas lá na primeira infância, não tem retorno. O que nos é  possível é aprender melhor lidar com esse real,  cuidando-nos constantemente, para melhor  posicionar-nos quando das possíveis repetições, através da aquisição  de "bons curativos" que quando bem feitos  aqui e acular, tem efeitos de  nos fortalecer. É isso. 



terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Os 80 anos de minha Mãe.


"..., ....E quem há de negar que esta lhe é superior?" - Caetano Veloso

Me valho da poética contida nesta  frase de uma das músicas de Caetano Veloso, - "Lingua",  para  dizer do como  vejo diante  de Dona Maria  Erly, minha mãe,  que nesse final de semana completou 80 anos, celebrados conforme os seus designos. Em um primeiro momento junto aos filhos, netos, bisnetos,  em seguida  com os novos amigos do Instituto de Hemodiálise. Segundo seu próprio relato,  espaço  de encontros e  novas resignificaçõe para o seu existir.