Estava eu mais uma vez no aeroporto de Vitória, aguardando o John, meu namorado chegar, num vôo da Gol que prá variar estava atrasadíssimo, levando-me a ficar naquela espera de olhar perdido na movimentação das pessoas que chegavam. Fico a observar, algumas apressadas passam rápido pelo espaço de destaque reservado e logo se misturam aos agrupamentos dos que as esperam, outros nem tanto. Cumprimentos formais, abraços, carinhos efusivos, beijos nos rostos, selinhos nos lábios, comportamentos típicos dos encontros e reencontros..., uma cena tirou-me dessa pasmaceira.
Eis que esse espaço reservado, transforma-se num púlpito para o que passo a descrever. Uma senhora aos prantos, abraça um jovem de forma tal que mal permitia- lhes respirar, tamanho o aperto dos abraços e afagos recebidos, como que em reparo ao tempo transcorrido do período em que se ausentara da família e do Brasil. No curto longo tempo, que esta mãe permanecera, subvertendo as convensões dos manuais do bem receber aos que chegam de viagem, esta deu-se ao direito de aos gritos clamar palavras que dessem conta de estravasar a grande emoção desse reencontro.
Me vi contaminada pela cena, lágrimas rolaram em minha face, me identifiquei de pronto com aquela emoção, me reportando à saudade que venho sentido de meu filho que se encontra distante, na Alemanha! Só me contendo, ao articular de imediato, uma tentativa de racionalização, a de que provavelmente, Thiago, me censurária por não querer vivenciar em público, uma situação dessa ordem, pondo-me a rir discretamente ao relembrar das possíveis expressões de contrariedade, que o seu rosto externa e que bem as conheço!...
Mas, voltando a mãe do aeroporto, ela simplesmente congestinou a movimentação dos passageiros que teriam que passar por este bendito púlpito, por alguns minutos ela foi a principal protagonista, todos os olhares estavam em sua direção, um burburinho ao redor se estabeleceu, e de forma muito emotiva, com uma toalhinha rosa pink para enchugar as lágrimas nos ombros, desempenhou o seu papel de mãe saudosa do filho amado. A nora com o neto pequeno ao colo e empurrando o carrinho com as malas, ficaram em segundo plano.
Num impeto peculiar de mãe, libera o espaço, saindo apressada, segurando o filho pela mão como se ainda fosse um menino, caminha na direção de uma das cadeiras ao lado da que eu estava, senta-se, o coloca no colo e começa a examiná-lo, apalpando-o, como que conferindo os efeitos do tempo no corpo do filho.
Ao mesmo tempo, aos brados cobrava-lhes os setes anos de ausência, o casamento e o nascimento do neto que não participara...,... para enfim suspirar, como que em busca de um reordenamento pessoal, olha-me com cumplicidade e diz, só falava com ele pela internet, conheci meu netinho pela internet..., vira-se em direção da nora e da criança, percebendo-as, estende a mão direita tentando tocá-las já sem força e com a voz rouca, balbucia palavras de receptividade.
Ao mesmo tempo, aos brados cobrava-lhes os setes anos de ausência, o casamento e o nascimento do neto que não participara...,... para enfim suspirar, como que em busca de um reordenamento pessoal, olha-me com cumplicidade e diz, só falava com ele pela internet, conheci meu netinho pela internet..., vira-se em direção da nora e da criança, percebendo-as, estende a mão direita tentando tocá-las já sem força e com a voz rouca, balbucia palavras de receptividade.
O filho, coitado, assustado tenta se desvencilhar do colo da mamãe, vermelho tal qual a camisa que vestia, murmura algumas palavras de conforto, querendo recompor-se e fugir daquela situação regredida, diante dos olhos de quem a tudo assistia. Aos poucos foram se acalmando, reassumindo os seus lugares de contenção, pegaram as malas e dirigiram-se para a porta de saida do aeroporto. Eu continuei sentada, numa postura reflexiva dessas coisas de mãe, que só mãe faz! Não mais esperando somente, um vôo que se atrasara.
Dona Lina
ResponderExcluirEu vim lhe deixar um convite
Passei por aqui, para lê o seu blogue.
Admirável. Harmonioso. Eu também estou montando um. Não tem as Cores e as Nuances do Vosso. Mas, confesso que é uma página, assim, meia que eclética. Hum... bem simples, quase Simplória. E outra vez lhe afirmo. Uma página autentica e independente. Estou lhe convidando a Visitar-me, e se possível Seguirmos juntos por Eles. Certamente estarei lá esperando por você, com o meu chapeuzinho em mãos ou na cabeça.
Insisto que vá Visitar-me, afinal, o que vale são os elos dos sorrisos.
www.josemariacosta.com
Olá, José Maria.
ExcluirEm visita ao seu Blog, deixei o meu registro.
Um abraço.
Dona Lina, duas coisas:
ResponderExcluirPrimeiro, são crônicas do cotidiano como esta da senhora, que enriquecem a Litertura Nacional, e as vezes, nem nos apercebemos disso. Por que as vezes e por demais, somos egoístas demais. Quando ao comportamento da mãe, eu diria que, copiando a senhora. " tem coisas que só mãe mesmo, é que faz". A dor da saudade, dessa mãe, deveria asemelhar-se, à uma punhalada na alma. Certamente por muitos anos, ela sentia-se abandonada.
Segundo:
Estou orgulhoso, em a senhora ter ido até a minha página, e deixado um comentário. Credes, quão, é a minha felicidade, neste momento. Hum, apenas uma lembrança, estou lhe seguindo pelo seu blogue. Estou lhe aguardando lá no meu. Certamente virei muitas vezes ler outras tantas belissimas crônicas suas.
Um abraço, amaranhenssado.
Força, Sorte e Contentamento, para a Senhora
José, agradeço a sua generosidade ao avaliar o meu texto com tamanha consideração, na verdade o que busco ao escrever, são possibilidades de diálogo, tal como esse que ora estamos realizando, sabe. Fico feliz com a sua presença na condição de seguidor, com certeza estarei me colocando também na mesma condição em blogue.
ExcluirUm abraço.
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