segunda-feira, 7 de novembro de 2011

"Velhice implicada pelo desejo"

Helena Bertho, um exemplo de "velhice implicada pelo desejo".


Assim quero dizer dessa senhorinha, que diante do real do envelhecimento do corpo, propunha novas formas de reinscrever o seu desejo, enquanto ser pulsante neste mundo de meu Deus.

Conheci Helena Bertho, quando profissional em Serviço Social na Cia Vale do Rio Doce, através de um programa de preparação para aposentadoria.

Aposentada que era  do antigo INSS, desenvolvera uma   referencial teórico e metodológico, na qual sustentava com muita auteridade, que era possível haver vida desejante,  pós aposentadoria e envelhecimento.

Com esta crença, destacava a importância do recriar a vida, através da  elaboração  do luto das perdas dos objetos relacionados ao mundo do trabalho, através de outros objetos substitutos, tão interessantes quanto os anteriores.

Apregoava com  relevância  o cultivar: afetos, encontros,  aprendizados, descobertas, transcedências como formar de manter e conquistar vínculos relacionais.

O sonhar,  considerando que este, "os sonhos,  não envelhecem".

Valorizava o cuidar-se, cuidando-se, a sua  presença era imponente, elegante e simples a desfilar os efeitos que o tempo lhes impunha,  com  certa dignidade, ditando estilo para tudo aquilo que defendia em tese.

Mulher de refinada liderança, não escondia o prazer da conquista de novos seguidores para as suas crenças, privilegiava o diálogo com as várias especialidades, criando e fortalecendo uma rede relacional por todo este país. Ela sabia se fazer presente.

No primeiro dia do mês de Novembro, porém,  Helena Bertho se foi, faleceu, segundo relatos de amigos mais próximos, foi de um passagem tranquila, que se deu em sua própria residência, encontrava-se debilitada em seu estado de saúde.

Helena Bertho, digo que a sua existência  foi de muita doação, puro ensinamento do como fazer.

No lidar, com o real das perdas advindas de uma aposentadoria e subsequente envelhecimento, no  trabalho necessário de elaboração de um luto por estas perdas e as exigências de se buscar constituir referênciais, que  permitam simbolizar esse real.

Salve Helena Bertho!

2 comentários:

  1. Sonia,
    Que rico seu texto sobre nossa querida Dona Helena como chamavam as mais jovens! Muito bem colocado a questão do desejo e da liderança firme e sutil.Lembro das risadas dela depois de discordar de algumas lideranças institucionais que se negavam a participar de sua metodologia e como eles se rendiam depois...
    A sua vida foi sim "de doação e de puro ensinamento do como fazer" . Viva Helena Bertho! Palmas!

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  2. Oi Rachel, bom te receber aqui nesta sala, para falar do quanto foi singular para cada um de nós, a convivência com Helena.

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